4 de novembro de 2010

Silloner, abrir sulcos no caminho

Apetece-me materializar a chuva no meu corpo, que se junte e escorra em cascatas sinuosas balançadas pelo vento. E com a pele nua correr, abraços abertos, cabelos em sinais...levantar esteiras de água, leques rasgados nos muros espessos que se formam. Inverter a polaridade das gotas, atrasar-lhes a queda, moldar-lhes a forma, a força e a consistência. Transformar o muro num vestido animado.Sentir-me àrvore, terra e sentir-me onda a galgar a terra. Sentir-me àguia a fatiar a atmosfera, sentir-me vulcão e sem aquecer, mas sem poder parar, eclodir no ar. 

4 comentários:

  1. Este teu texto, onde o sentir se mistura com o eclodir de simplesmente ser, com analogias à natureza fez-me recuar até a um texto meu, onde o abandono a si é perfeito: http://angelonthedark.blogspot.com/2010/08/flor-da-pele.html

    Beijos! ;-)

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  2. Só tenho uma palavra para traduzir isso tudo: VIVER!

    Pois, por vezes passamos uma grande parte da nossa vida a sobreviver e esquecemo-nos de viver.

    Beijo!

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  3. Sus querida, aqui estava a falar da vontade que me deu quando há uns dias, na auto-estada, passei perto de um carro que contra a chuva em diluvio abria sulcos no ar e na estrada... sem vacilar... vi-o de perto e à dança da agua no ar... apeteceu-me ser como o carro, assim na natureza... abrir caminhos, ir em frente sem vacilar como se nada fosse mais natural... e mais que dançar na chuva... desenhar as àguas! E, dito isto, fui ver o teu texto e gostei muito, sim!No fundo étudo vontade de se deixar sentir controlando as rotações ali perto do vermelho :-) Beijinhos
    SP... e é tão bom viver! :-) Beijo!

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  4. "E é amar-te assim, perdidamente(...)".

    Força da natureza. Poderosa materialização.
    Pareceu-me ouvir Luís Represas na leitura...

    :))

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